Comentários sobre: Roteiro por Hiroshima: conhecendo a cidade https://www.novocalculodarota.com.br/roteiro-por-hiroshima-tour/ Blog de viagens com roteiros, destinos, dicas de hospedagem e passeios. Mon, 16 Sep 2019 15:59:55 +0000 hourly 1 https://wordpress.org/?v=6.5.5 Por: Marcia Yumi Kishino https://www.novocalculodarota.com.br/roteiro-por-hiroshima-tour/#comment-274 Mon, 16 Sep 2019 15:59:55 +0000 https://www.novocalculodarota.com.br/?p=2415#comment-274 Hiroshima – Grande Ilha.
Chegamos ao cair da noite em Hiroshima.
Tão logo se desembarca na estação JR da cidade, ao dar uma rápida caminhada, o asfalto se transforma em ponte. Ponte bonita, cheia de detalhes. Ponte que liga, ponte que une ! E abaixo, alheio a bicicletas, carros e pessoas corre o rio Ota. Rio este que se abre em seis canais e divide a cidade em grandes ilhas, em “Hiroi (largo, grande) Shima (ilha)”.
A imagem daquele gigante cogumelo de fumaça cinza é mundialmente famoso. Mas passados 74 anos, o manto negro deste fatídico dia é colorido pelas luzes de neon das agitadas ruas da cidade e a única coisa superaquecida é a chapa, rodeada por alegres locais, onde são preparadas os mais deliciosos okonomiyakis do Japão ! A única explosão que lá ocorre hoje é de sabor e gargalhadas regadas com muita cerveja e highball (uma dose de bebida alcoólica e uma maior de não alcoólica, no Japão geralmente wisky e água gaseificada.)
A luz do dia revela a cidade. Uma cidade como tantas outras, numa manhã qualquer . Centenas de trabalhadores se apressam para seus respectivos ofícios, crianças para as escolas, os ônibus passam transportando habitantes de uma lado a outro e os bondinhos seguem seu itinerário rotineiro …
Subimos em um desses bondinhos. Bondinhos que reiniciaram suas operações no dia seguinte a explosão da bomba atômica! Percorremos as ruas bem cuidadas da cidade, avistamos algumas pontes, testemunhamos o rio seguindo seu curso, cachorros passeando às suas margens. O que vimos através da janela foi uma cidade que progride sem apelos ou vitimismo, que não faz alusão a um passado tão trágico.
Chegamos ao nosso destino. Adentramos a Praça do Memorial da Paz. Um lugar repleto de turistas que inicialmente observam as ruínas protegidas por um cercado, depois se calam introspectivos, por fim se sentam, e ali permanecem por alguns instantes e somente aí retomam sua alma turística e se apressam a encontrar os melhores ângulos para suas fotografias. No parque anexo centenas de árvores que resistem verdejantes, outras já se renderam ao outono e exibem suas copas amarelecidas ou alaranjadas. E lógico, há uma linda ponte e o rio para completar o cenário. Há muitas crianças também, barulhentas e agitadas em seus uniformes escolares num dia de excursão. Afinal olhar para a frágil e resiliente estrutura do Memorial da Paz, única testemunha a resistir à explosão, provavelmente é exercício obrigatório para todo cidadão japonês.
Optamos por não visitar o Hiroshima Peace Memorial Museum, pois imaginar que árvores, prédios, pessoas e tudo que havia ao redor daquela estrutura foi destruído, já foi uma experiência suficientemente impactante.
Decidimos finalizar o dia com uma visita ao Castelo de Hiroshima. Enquanto esperávamos o semáforo abrir, abordei um senhor. O escolhi dentre tantas outras pessoas porque estava com sua bicicleta, e isso me sinalizou que ele era um local e poderia me ajudar quanto à localização do castelo. Ele me pareceu mais tímido do que um japonês normalmente seria, não conseguia se expressar direito, e eu me senti incomodada por tê-lo tirado de sua zona de conforto. O sinal verde sinalizava que deveríamos andar, e eu ainda não sabia exatamente para onde ir. O senhor, simplesmente, desceu de sua bicicleta, se posicionou a frente e nos lançou um olhar. Nós simplesmente o seguimos. Nos deixou na entrada de uma espécie de túnel para pedestres e retomou seu caminho. Quanta generosidade, quanta disponibilidade para nos ceder um tempo de sua vida para nos ajudar !
Ao final do túnel já avistamos o fosso que protege todo castelo japonês. O castelo é simples, mas imponente e lindo !
Era chegada a hora de encerrarmos nosso passeio em Hiroshima. Para chegar na estação obrigatoriamente teríamos que passar pela ponte e pelo rio do início do passeio. Entretanto “Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio … pois na segunda vez o rio já não é o mesmo, nem tão pouco o homem! (Heráclito de Efesa)”. E com certeza, assim foi.

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